Mortes em Guerras
É um horror quando ligamos a televisão e alguma notícia de alguma zona de guerra no mundo vem a atualizar o “número total de mortos”. Chega um momento em que as mortes são tratadas como “baixas” e se tornam meramente estatísticas, perdendo o caráter individualizado da morte. Cada pessoa que se vai, é uma história de vida perdida, é uma família abalada, desestabilizada, ferida. As guerras são cenários horríveis de como as disputas travadas na humanidade podem ir até as últimas consequências.
O número final de mortos em guerras é resultado de diversas tensões e pode ser composto por muitos “grupos” de pessoas. Militares e combatentes rebeldes costumam ser os números mais expressivos por estarem em frentes de combate. De certa forma, ao entrar em uma guerra, seria o esperado que os combatentes fossem os mais vulneráveis. Afinal, mal ou bem, as forças armadas dos países existem para isso também. Contudo, infelizmente, nem todas as guerras envolvem somente os exércitos. É muito comum que exista determinado grupo social civil a ser combatido. Pode ser por uma nacionalidade, por uma etnia, por uma religião, por uma posição política. Em diversos casos, as “limpezas” foram feitas para dizimar um grupo específico, constituindo muitas vezes verdadeiros genocídios, que é quando há a morte numerosa, sistemática e incentivada de um grupo específico.
O século XX assistiu a dois dos conflitos com maior número de mortes estimados da história da humanidade. Ainda há essa questão: são números estimados e arredondados. É tão elevada a quantidade de desaparecidos e tão desencontradas algumas informações que só podemos estimar quantos foram mortos no total.
A 2ª Guerra Mundial foi o conflito com o maior número. Aproximadamente 50 milhões de pessoas perderam a vida em seus campos de batalha na Europa, África e Ásia. Além disso, presenciamos o Holocausto do povo judeu, que representa sozinho 6 milhões desses mortos. A antecessora dessa guerra, a 1ª Guerra Mundial, teve um número de aproximadamente 20 milhões de falecidos. Em paralelo ao conflito europeu, a Rússia em sua transição para constituição da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas passou por uma guerra civil onde cerca de 7 milhões de pessoas perderam suas vidas.
A virada do sangrento século XX para o XXI também presenciou a Guerra do Congo, onde disputas pelo poder e perseguições étnicas levaram à morte 5,4 milhões de pessoas entre 1998 e 2003. Até hoje, muitas pessoas são mortas e perseguidas por consequências do conflito, gerando um grande número de refugiados a partir do país.
As guerras de séculos anteriores ao XX carecem de informações mais precisas sobre o número de óbitos, sendo as estimativas ainda mais arredondadas. Porém, segundo relatos históricos, alguns conflitos específicos tiverem um destaque negativo, como as rebeliões chinesas de An Lushuan (755 a 753 d.C.) e Taiping (1815 a 1864), com 33 milhões e 20 milhões de mortos, respectivamente.
Mesmo outras guerras não figurando entre as que tiveram mais baixas são exemplos de conflitos que destroçam e acabam com a vida de milhares ou milhões direta ou indiretamente. As razões que envolvem isso dificilmente vão legitimar tamanhos dados infelizes. Em algumas dessas guerras, são tantos anos de lutas e mortes que eles terminam sem alterar significativamente nenhuma circunstância, só deixando um rastro de derrotas para o futuro e passado da humanidade.