Zygmunt Bauman e o mundo líquido

Amigos, eu preciso falar com vocês sobre um dos meus escritores e pensadores prediletos, o Zygmunt Bauman. Vocês já ouviram falar sobre ele? Se não ouviram, eu super recomendo pesquisar sobre esse autor, ele foi incrível. O Dr. Bauman foi um dos maiores sociólogos do nosso tempo e ele escreveu sobre assuntos que tem tudo a ver com os dias de hoje, vocês precisam conhecer esse sociólogo. Infelizmente, ele faleceu esse ano, em janeiro, aos 91 anos de idade, mas deixou para nós um legado de mais de 50 livros escritos. Impressionante, né?

Bauman era polonês de origem judaica, mas viveu em vários lugares do mundo. Por ser descendente de judeus, ele precisou sair da Polônia durante a Segunda Guerra Mundial, chegou a lutar do lado dos comunistas e viveu na União Soviética e em Israel, mas boa parte de seus livros, inclusive aqueles que eu gosto mais, que são sobre a sociedade pós-moderna, ele escreveu mesmo em Leeds, na Inglaterra, onde se radicou.

Uma das teses mais importantes dele foi sobre como o holocausto pode ser entendido como um reflexo da modernidade e de algumas de suas estruturas, como a industrialização e a burocratização da sociedade. Isso é muito interessante porque ajuda quem gosta de História como nós a entender como uma coisa dessas pôde acontecer num mundo tão civilizado. Além disso, as ideias dele de que eu mais gosto são as ideias sobre a modernidade líquida. Para começar, o nome já é legal né, mas o mais interessante mesmo é como isso mudou a forma dos estudiosos e acadêmicos de encarar a pós-modernidade.

Bauman defendia que, no mundo de hoje, as relações são líquidas porque não existe mais nenhuma estabilidade nas relações e nas instituições, ou seja, líquido em oposição à solidez da vida de antigamente, da modernidade. É como se aquilo que valia para a geração dos nossos avós, como estabilidade no emprego e nos relacionamentos, a expectativa de crescer na vida e coisas assim, não valessem mais para a nossa geração porque, para nós, esse não é mais um mundo estável e previsível, pelo contrário, é um mundo imprevisível onde as mudanças acontecem o tempo todo. Ele também dizia que um dos efeitos disso é a forma como hoje as coisas são muito rápidas e as modas, os interesses, as profissões e coisas desse tipo mudam constantemente. Quer dizer, nós não temos instituições e relações sólidas porque todas as coisas se substituem rapidamente, e essas mudanças acabam fazendo com que as instituições e as relações fiquem menos estáveis. Sabe, uma coisa acaba impulsionando a outra.

Um outro assunto sobre o qual ele também falava era sobre como hoje em dia a ideia de cidadania foi substituída pelos ideais de consumo. Segundo esse autor, nós vivemos num mundo em que você é aquilo que você consome. É como se todos os relacionamentos e todas as coisas fossem valorizadas enquanto produto, causando uma grande frustação nas pessoas, porque elas não podem consumir tudo aquilo que desejam e viver de todas as maneiras que as mídias dizem que elas devem viver. Para mim, o mais interessante disso tudo é que todas essas ideias são utilizadas por acadêmicos e intelectuais em todo o planeta para entender o mundo contemporâneo, e como vocês sabem, o mundo contemporâneo tem muito de história, muito legal.

Como eu disse antes, o professor Bauman faleceu em janeiro deste ano, mas continuou muito ativo mesmo durante a terceira idade, publicando muitos e muitos livros e dando entrevistas para diversos canais de TV, um grande exemplo para nós.  Se vocês quiserem saber mais sobre ele, tem muitas entrevistas com ele no youtube, inclusive para mídias brasileiras, totalmente vale a pena. E aí, o que vocês acham? Será que nós vivemos realmente em um mundo líquido? Acho que eu preciso pensar muito sobre isso ainda. Um beijão para vocês, amigos. Até a próxima! :) 

Titta Resor “Titta”

Filha única de historiadores e educadores, tive meus pais sempre muito presentes na minha vida. Por isso, nunca tive dúvida de que seguiria seus passos. Eles sempre contavam inúmeras histórias para ilustrar o que queriam ensinar. Percebia que meus amigos não tinham a mesma oportunidade. Eles sempre reclamavam da ausência dos pais e percebia que isso afetava o comportamento deles. Assim, resolvi mergulhar em um grande projeto: como usar a História para levantar questionamentos e ensinar “boas” atitudes para as pessoas? Resolvi usar o bom exemplo dado pelos meus pais para responder essa pergunta. Minha missão aqui, no Galera Cult, será educar através de histórias, mais precisamente contando um pouco sobre a vida de grandes personagens da História. É o que eu chamo de usar História e Biografias para educar.