Você sabe por que a cidade de Ouro Preto tem esse nome?

Como é uma cidade que possui grande teor de óxido de ferro – inclusive com a presença de paládio, que influenciava fortemente na cor do ouro - em suas minas, o Ouro não era visualizado pela sua coloração aparentemente dourada, mas sim através de uma coloração mais escurecida. Assim, os mineradores chamavam o ouro de ouro preto, tendo sido a cidade uma das mais ricas em termos de ouro de toda a América Latina!

Não nego que é uma das cidades que mais representam a história brasileira de modo geral, com uma estonteante beleza natural, obras arquitetônicas (igrejas do estilo barroco e rococó, lindos palácios e mansões, inúmeras obras de engenharia que eram geniais para a época!) e muita história social para contar. Parece pouco? Só a UNESCO, que é a Organização das Nações Unidas Para Educação, Ciência e Cultura, considera a cidade como um patrimônio cultural de toda a humanidade!

Fui lá em 2012. Lembro-me que os contrastes entre a beleza da cidade, sempre muito alardeada por turistas e guias turísticos, e o passado de revoltas populares na cidade – basta lembrar a Inconfidência Mineira – assim como a escravidão e as belas obras nas igrejas e grandes prédios geravam um sentimento de umas das únicas cidades aonde passado e presente pareciam andar juntos. 

Um guia turístico nos levou para dar uma volta na cidade e fizemos algumas visitas em igrejas, antigas minas de ouro e locais de grande importância na cultura de Ouro Preto. É interessante perceber como, na cidade de Ouro Preto, a igreja era símbolo de poder, religião e também da representação dos traços sociais da época: altares com todas as esculturas esculpidas a ouro, locais com exclusividades para as autoridades da época e inclusive espaços destinados exclusivamente à presença de negros nas igrejas.

As minas também explicavam muito como a exploração do ouro funcionava: com grandes túneis sem ventilação dentro das rochas e com alturas não muito acima de 1,40m, os escravos se espremiam entre si para conseguirem quebrar as rochas em busca do mineral mais cobiçado do século XVIII no Brasil. Muito comum, naquela região, os escravos utilizarem constantemente a cachaça como forma de eliminar o frio (Ouro Preto chega, no inverno, a quase 2°C!) e muitas vezes a fome, quando estes não eram alimentados ao não atingirem a sua meta de exploração. 

Uma curiosidade sobre a cidade: eram muito comuns pequenos tremores de terra na cidade, quando a exploração do ouro atingia o seu ápice. Isso porque eram feitas escavações em grandes porções de rocha e não se era pensado em uma forma de sustentar aquela fenda que agora ficaria na rocha. Portanto, às vezes, essas escavações ruíam e levavam todo o solo que estava acima a ceder.

História complicada essa do passado aurífero de Ouro Preto. Ainda que Ouro Preto seja uma pequena maquete de toda a história do Brasil naquele tempo, atualmente Ouro Preto é também uma cidade alegre, dinâmica e com diversas atividades que não dependem exclusivamente do ouro. A Universidade Federal de Ouro Preto tem grande importância econômica para a cidade, assim como o seu carnaval, um dos mais alegres e visitados carnavais de todo o Brasil!

Vale a pena visitar: seja pra conhecer o que é Ouro Preto hoje, com sua importância histórica e cultural para todo o Brasil, ou seja para conhecer o que foi o passado colonial e escravista do Brasil no século XVIII. Valeu, galera!

Nando

Sempre fui um viajante. Se não viajo com os pés, viajo com minha imaginação, desbravando os lugares mais distantes e inóspitos que eu possa ir. Lá em casa, meus pais sempre trabalharam muito para me dar um bom padrão de vida. Apesar de ter estudado em boas escolas e sempre ter tirado boas notas, me sentia culpado por eles estarem sempre preocupados com o dinheiro e muitas vezes deixava de me divertir por causa disso. Aos meus 18 anos de idade, meus pais se separaram. Essa experiência me impactou muito, pelo fato de eu ser filho único, acabei vendo minha família desmoronar. Então a partir daí, passei a viajar mais ainda. Agora aos 20 anos, eu viajo o mundo e levo uma vida totalmente diferente da qual eu tinha com os meus pais. Busco aprender de forma prática e significativa, diferente das escolas por onde estudei, não me apegando a bens materiais e sempre viajando leve.