Revolução verde?

Olá, Galera Cult! Todos os dias, nós temos uma série diferente de atividades a fazer, como, por exemplo, vir à escola, a cursos de línguas, treino de esportes, exercícios escolares entre outras coisas. Mas uma coisa não podemos esquecer de fazer, nos alimentar. Até porque se não nos alimentarmos ficaremos sem energia para fazer todas as nossas tarefas. Mas você já imaginou a quantidade de alimento que deve ser produzido por dia em nosso planeta que tem quase 7 bilhões de pessoas? E durante o ano? Deve ser um número bem alto...

Atualmente, é possível produzir alimentos para a população mundial, pois alguns anos atrás houve uma mudança tecnológica que ficou conhecida como a Revolução Verde.

Entre as décadas de 1960 e 1970, ocorreu uma grande mudança na produção de alimentos, principalmente na agricultura, onde o uso de produtos químicos em larga escala – como fertilizantes e defensivos (herbicida e pesticidas por exemplo) – em grandes extensões de terra (monocultura), associada a mecanização do trabalho rural e desenvolvimento de variedades de plantas com maior produtividade fez com que houvesse um aumento acentuado na oferta de alimentos.

Para você ter uma ideia vou te dar um exemplo: na década de 1950 em um hectare (quase o tamanho de um campo de futebol, um quadrado de 100m x 100m) com plantação de arroz rendia 1,9 toneladas; após a Rev. Verde a produtividade saltou para 3,5 toneladas no mesmo espaço, o que equivale a aumento de 89% da colheita. Dessa forma, a crescente população em nosso planeta tinha a sua disposição a energia (comida) que precisava.

Mas a Revolução Verde não resolveu a questão da fome no mundo e também trouxe algumas outras questões para refletirmos. Vejam só o que o Professor Carlos Penna (no Jornal O Eco) ressalta sobre esse tema:

  • A produtividade agrícola, que progrediu muitíssimo nas últimas décadas, não continuará a crescer indefinidamente. Entre outras razões, é obviamente limitada a quantidade de fertilizantes que as atuais variedades agrícolas podem assimilar. Estes e a disponibilidade de água para irrigação são as duas principais causas da explosão alimentar no pós-guerra. A água também é obviamente limitada. A irrigação está causando, no mundo inteiro, o rebaixamento, ou mesmo a secagem, de rios e aquíferos. Em diversos lugares, comunidades disputam, crescentemente, a água com fazendeiros;
  • As duas causas citadas não são as únicas. As melhores terras do planeta já foram ou estão sendo exploradas. A ampliação de terras destinadas ao plantio encontra, cada vez mais, obstáculos, desde cidades, barragens, estradas e unidades de conservação até a oposição de comunidades que rejeitam os danos decorrentes de grandes áreas de monocultura. Sem falar nos custos crescentes dessas terras;
  • Outra dificuldade para a contínua expansão é a aplicação crescente de pesticidas. No Brasil, o uso de pesticidas subiu de 0,3 kg por hectare (ha), em 1991, para 1,2 kg/ha dez anos depois, um aumento de quatro vezes. Na Argentina, em apenas cinco anos (1993-1998), a aplicação desses produtos químicos partiu de 0,9 kg/ha para 1,9 kg/ha (nos Estados Unidos, em 1997, usava-se 2,3 kg/ha);
  • Apesar da utilização crescente de agrotóxicos, o mundo vem conhecendo um aumento também expressivo de pragas agrícolas. No início do século XX, as pragas resistentes não chegavam a cinco, mas a partir dos anos 1950, elas conheceram um aumento acelerado, coincidindo com o uso generalizado desses defensivos. Em 1980, mais de 400 artrópodes (principalmente insetos) possuíam resistências à maioria dos produtos químicos, somados a mais de uma centena de organismos patogênicos de plantas;
  • Embora o uso de pesticidas tenha aumentado exponencialmente, mais de 30 vezes entre 1950 e o final dos anos 1980, um número crescente de ervas daninhas, insetos e doenças apresentavam resistência a esses produtos. Em 1950, o total de pragas agrícolas era inferior a 100 e atualmente é superior a 700;
  • Os impactos de pesticidas já são bastante conhecidos. Eles liberam poluentes orgânicos persistentes (POPs), substâncias extremamente tóxicas que se espalham pelo meio ambiente e se acumulam nos tecidos orgânicos de peixes, aves e mamíferos, com sérios danos ao meio ambiente e à saúde humana. Os POPs provocam também cânceres e danos ao sistema nervoso (neurotoxinas);
  • Os fertilizantes promoveram um acréscimo fantástico à produtividade agrícola. A colheita de milho nos EUA, por exemplo, tem atualmente uma produtividade cerca de quatro vezes maior do que a dos anos 1930. Entre 1961 e 2005, a quantidade de cereais colhida por hectare aumentou 141% (média mundial). No entanto, os fertilizantes químicos não absorvidos pelas plantas contaminam a água potável, provocam danos aos pesqueiros litorâneos devido às marés 'vermelhas' de algas, eutrofizam lagos e contribuem para a formação do poluente ozônio troposférico, com efeitos nocivos à agricultura e às florestas;
  • A par dessas consequências, os fertilizantes são os maiores produtores de óxido nitroso (N2O), um dos cinco gases do efeito estufa que mais contribuem para o aquecimento global;
  • Torna-se cada vez mais evidente que a Revolução Verde é insustentável. Ela polui o ambiente natural, com consequências graves à saúde humana e ambiental, degrada ecossistemas nativos, tende a esgotar os recursos hídricos e, do ponto de vista energético, apresenta um saldo negativo. Devido ao uso intenso de combustíveis fósseis em todas as etapas do seu processo, a agricultura em escala industrial utiliza, atualmente, de sete a dez calorias dessas fontes de energia para fornecer uma caloria de alimento;
  • Será inevitável rever - mais dia, menos dia – esse sistema de produção. O crescimento vertiginoso da agricultura orgânica aponta um dos caminhos. Alimentar a população humana de forma equilibrada não necessita de aumento contínuo da produção (uma impossibilidade física), mas sim de melhor distribuição global de riquezas e de um freio à expansão no consumo de carne em geral. Mundialmente, cerca de 40% dos grãos colhidos alimentam diretamente a pecuária (quase 80% da soja), o que significa uma grande perda de energia alimentícia.

Nesse contexto a Revolução Verde concentrou terras (latifúndios), reduzindo a população no campo e diminuiu a diversidade de gêneros agrícolas (resultado da monocultura).

Nossa, quanta coisa não? Ainda podemos destacar que a questão da fome do planeta passa também pelo acesso aos alimentos, ou seja, a população carente deve ter dinheiro para compra-los ou ter a sua disposição por outros meios. De acordo com a FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) cerca de 1/3 dos alimentos produzidos são desperdiçados. É muita coisa…

Atualmente, os chamados alimentos orgânicos – que possuem práticas agrícolas sustentáveis, como uso de adubo natural e a não utilização de defensivos agrícolas – são uma forma de contribuir com a redução dos impactos ambientais no campo, além de contribuir com a sua saúde consumindo os alimentos de melhor qualidade, sem produtos químicos. Por isso é importante valorizarmos os alimentos, evitando o seu desperdício. Valeu, galera! Até a próxima!

 

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Paulo “Paulinho” Statera

Desde pequeno tive dificuldade de me enquadrar aos padrões; e não era só rebeldia. Ficava mais revoltado com aqueles que não faziam nenhum sentido. Esse comportamento gerou afastamento de meus pais e minha família em geral, com exceção do meu avô, Paulo, que também sempre foi um rebelde… hehehehe. Poucos reconhecem, mas os meus questionamentos não são vazios, são (e sempre foram) coerentes, pois percebo que as pessoas seguem e tomam decisões porque seguem modelos prontos ou porque pensam no curto prazo. Tudo mudou quando conheci um grupo que vive em uma Ecovila, o Gemeinde, que promove relações diferentes entre si e com o meio ambiente. Minha identificação com o grupo despertou meu interesse por Sustentabilidade e essa passou a ser a minha missão: disseminar outras formas de relacionamento entre os seres humanos e com a natureza. Siga-me no Galera Cult e fique sabendo mais sobre críticas a sociedade atual e sobre práticas sustentáveis