Um escritor e tanto
Olá, queridos! Tudo bem? Nossa prosa de hoje é sobre um escritor por quem sou megasuper ultra power apaixonada: Graciliano Ramos. Ai, ai... Bom, voltando ao que interessa, você deve saber que a maneira de retratar a miséria que o lança ao cenário literário do Brasil como o maior prosador regionalista da chamada geração de 30 do Modernismo. Seus personagens Fabiano, Sinhá Vitória, os dois filhos ("o menino mais novo" e "o menino mais velho"), a cachorra Baleia e um papagaio são caracterizados como criaturas em constante embate com o meio hostil e degradante. Tais heróis estão no mais sensacional livro sobre a nossa realidade:Vidas Secas.
O importante na descrição dessa história é o grau de autobiografia de quase 70 % dos brasileiros, ainda mais se falarmos das comunidades. Dividido em 13 capítulos independentes que não apresentam ligação formal entre si, apenas temática, Vidas Secas (1938) chegou a ser chamado de "romance desmontável". Assim, há capítulos intitulados como Mudança, Cadeia, Festa, O Soldado Amarelo, O Mundo Coberto de Penas. Sua origem está, primeiramente, na escrita sobre Baleia, um conto publicado em jornal, que, na verdade, falava da mulher: "O conto que terminei ontem é uma estopada que nenhum leitor normal aguenta.". A declaração, injusta, pode ser vista como a consequência natural de um escritor rigorosamente avesso ao sentimentalismo, e era assim que ele mesmo se descrevia.
Sim, é isso mesmo! Graciliano comparava uma cachorra e suas emoções a mulheres, e essa imagem ganhou força em seu livro a tal ponto que a sua agonia e seu sacrifício sensibiliza o leitor até hoje quando o lê. Para o crítico Álvaro Lins, em Vidas Secas, o autor "se mostra mais humano, sentimental e compreensivo, acompanhando o pobre vaqueiro Fabiano e sua família com uma simpatia e uma compaixão indisfarçáveis.". Que mudança! Seu diferencial em relação aos seus contemporâneos foi preferir a síntese ao expositivo, o psicológico ao social, centrando sempre a história nos personagens e o que eles sentiam.
Na técnica, o escritor foi um herdeiro de Machado, o que o torna mais formal que os modernistas. Os dois lados de sua obra- o social e o político- fizeram com que Graciliano recebesse várias críticas, inclusive do Partido Comunista (que depois se filiaria em 1945), quando viram como negativa a atitude "submissa" de Fabiano ao ser preso pelo soldado amarelo, personagem de representação do Estado. Mas, Graciliano não se rendeu às críticas e mostrou-se original em retratar a visão que achava mais digna. Então, é sempre bom saber um pouco mais da vida de um grande literário do Brasil e sua descrição. Espero que agora vocês queiram ler Vidas Secas, pois vale a pena a leitura! Bjokas!