Desapego: a condição básica para aprender a dividir
Outro dia, um grande amigo meu estava reclamando de sua irmã menor. Ele dizia:
- Cara, é impressionante como a Gabizinha é implicante! Está sempre pegando as minhas coisas.
Como eu não acredito que a Gabizinha estivesse fazendo aquela “implicância” por pura maldade, resolvi investigar a situação.
- Mas, Lucas, por que você diz isso? Já imaginou que ela pode estar querendo sua atenção? E ainda mais importante... Será que vale a pena brigar com sua irmã por causa de “coisas”???
Ele pensou um pouco e respondeu:
- Mas não é assim que funciona! Não quero que ela pegue nas minhas coisas...
- Bem... Posso te dar um toque?
Ele aceitou.
- Você tem que praticar o desapego. Valorizar menos as “coisas” e mais as pessoas e seus sentimentos. O apego aos bens, principalmente, nos distancia do que realmente é importante: as pessoas, a vida em geral. Por causa de alguns objetos simples, você brigou com a sua irmã. Não me parece a melhor atitude. Vale a pena deixá-la triste em troca de não mexer nas suas “coisas”??? O que é mais importante? Não seria a felicidade da sua irmã?
- É... Acho que você tem razão... Mas por que é tão difícil? Por que valorizamos tanto as “coisas”?
Expliquei para o Lucas um pouco mais sobre Ética e o desapego. Disse que em relação aos bens materiais, vivemos em uma cultura que valoriza a posse e o consumo. Criamos “relações emotivas” com roupas, relógios, carros... Esse tipo de apego distorce nossos princípios éticos, esquecemos o que é realmente importante - a vida - e fazemos escolhas que visam o acúmulo de bens em vez de buscarmos o bem-estar de todos.
O desapego é o primeiro passo para um comportamento cooperativo. “A mente é como um paraquedas... deve estar sempre aberta”.