Há 3 anos, os dados finalmente anunciaram que o mundo chegou ao patamar dos 7 bilhões de habitantes em seu total. Diversas reportagens apareceram em jornais, revistas e sites sobre as causas e os desafios mundiais para sustentar essa quantidade de pessoas. Não é fácil balancear esse número, ainda mais se pensarmos que quando nossos avós eram jovens, mal passávamos de 3 bilhões.
Reparei que muitas dessas reportagens atribuíam esse crescimento às taxas de natalidade em países considerados subdesenvolvidos, uma vez que mantinham um maior número de filhos por família. Os países mais ricos, por sua vez, já estavam com uma taxa de natalidade tão baixa, que também preocupava as economias locais para o futuro, porque poderia reduzir a mão de obra disponível.
As taxas de natalidade são apresentadas em número de nascidos por cada mil habitantes. Por exemplo, veja a evolução das taxas de natalidade no Brasil, segundo o IBGE:
2000: 20,8 nascidos por mil hab.
2004: 18,6 nascidos por mil hab.
2008: 16,7 nascidos por mil hab.
2012: 15,3 nascidos por mil hab.
2014: 14,5 nascidos por mil hab.
Claramente o número de nascidos está diminuindo, mas será que a taxa de natalidade é a ideal para visualizarmos essa redução? Talvez não. Por isso, utilizamos também a taxa de fecundidade, que é a média de filhos por mulher. Se eu disser que a taxa de fecundidade em 2000 era de 2,5 filhos por mulher e que hoje é de 1,8 filhos por mulher fica bem mais simples de visualizar o quanto a quantidade de crianças tem diminuído.
Além disso, na taxa de fecundidade, temos um número estatístico “mágico”: 2,1. Se qualquer país tiver pelo menos a média de 2,1 filhos por mulher, a reposição da população estará garantida. Se a taxa estiver abaixo disso, o crescimento vegetativo vai reduzir até estagnar e, depois, de fato apresentar um decréscimo do total da população. E esses números têm a tendência a continuar diminuindo, ou seja, se a taxa de fecundidade reduzir mais, o crescimento vai ficar cada vez maior e mais rápido.
Se eu disser esses dados para muitas pessoas, elas se mostrarão surpresas, pois talvez vejam ainda uma parcela da população com um número grande filhos. É porque ainda há também uma desigualdade grande entre as condições sociais aqui no Brasil, como urbanização da população, aumento do custo de vida e de criação de um filho, aumento das perspectivas profissionais das mulheres, aumento dos desejos de consumo. E estas condições são determinantes para um padrão na fecundidade da mulher.
Um casal quando se casa, muitas vezes prefere não ter um filho imediatamente, mas opta por estabilizar as respectivas profissões, comprar seus imóveis, realizar suas viagens desejadas. Isso custa dinheiro e demanda tempo. A idade média dos primeiros filhos das mulheres aumenta muito também, chegando a um patamar próximo aos 30 anos. Com isso, tem menos tempo para ter mais filhos. São características de famílias que alcançam uma condição financeira mais estável e desenvolvida, por isso é perceptível a diferença no número de fecundidade entre populações ricas e pobres.
Quanto mais se desenvolve uma população, menor é o número de filhos. Muitos países tentam reverter isso para não faltar mão de obra no futuro e ter que se voltar para uma solução bastante polêmica: incentivar a imigração. Até mais! Bjokas!
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