“Abre alas que eu quero passar”
Eu nunca gostei muito de carros, mas tenho amigos e amigas que gostam e sonham com a carteira de habilitação. Nunca tive muito isso, porém reconheço a importância e a funcionalidade deles. No entanto, se todo mundo tiver seu próprio carro, como buscam as propagandas de televisão, como vai ficar a vida nas cidades?
As cidades são os casos mais problemáticos, porque concentram população. No Rio de Janeiro, há quase 6,5 milhões de pessoas e, em São Paulo, temos quase 12 milhões. Imagina se todas essas pessoas tiverem carros? Ainda não têm, mas metade delas sim. Em São Paulo, são mais de 6 milhões de automóveis e no Rio está próximo de ultrapassar os 3 milhões.
Muitos poderiam dizer que isso demonstra um crescimento do poder de consumo da população, de forma geral. A população está conseguindo ter um acesso mais facilitado a um meio de transporte particular que gera comodidade, rapidez e conforto. Um crescimento da frota gera uma necessidade de construir mais e melhores equipamentos viários, gerando fluidez e empregos. Isso poderia ser verdade, mas não é bem assim.
O número de carros tem aumentado rapidamente no país, e hoje já possuímos 1 carro para cada 4 habitantes. Há dez anos era de 1 carro para cada 7,4 habitantes. O carro usado para supermercado, para o lazer, não chega a ser um problema. Entretanto, quando metade da população de uma grande cidade os utiliza ao mesmo tempo para ir e retornar do trabalho, toda a comodidade e rapidez podem desaparecer com os congestionamentos cada vez mais intensos e em horários variados.
Hoje em dia, a mobilidade urbana é tema bastante debatido e a opinião em comum é a mesma: há carros demais nas cidades. Muito mais que as vias conseguem absorver. Ao invés de construir cada vez mais viadutos e túneis subterrâneos, é mais fácil buscar meios de substituir o automóvel particular pelo transporte público, capaz de transportar mais gente se for bem pensado. Além de estimular o uso dos ônibus, metrôs e trens urbanos, o carro precisa ser desestimulado. Em Londres, por exemplo, há um pedágio extra para quem quiser ir de carro até o centro da cidade, onde concentra os trabalhadores. Em outras cidades, paga-se mais caro em impostos se quiser utilizar o automóvel. Em São Paulo, em um dia da semana você é impedido de utilizar seu carro em um esquema que eles chamam de “rodízio”. Com isso, uma população vai se habituando à ideia de utilizar mais os meios de transporte mais racionais, além de serem ambientalmente menos prejudiciais, com menores emissões de gases poluentes.
Tornar as desvantagens do automóvel particular maiores que suas vantagens é uma estratégia para incentivar a migração do uso pela população. Muitas vezes, os congestionamentos e as disputadas por estacionamentos não são suficientes. Em paralelo, é preciso haver investimentos para que a população seja, de fato, atraída para os transportes de massa. A partir daí, podemos ter mais vantagens que desvantagens em se deslocar pela cidade. Até a próxima! Bjos!
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