Terras gaúchas

Na semana passada, tive uma oportunidade de realizar uma viagem para o sul do Brasil. Fui conhecer os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. É interessante perceber que o sul apresenta um contexto histórico, social e econômico muito diferente de todo o restante do Brasil. Talvez porque foi ocupado sem uma ideia direta de exploração, talvez porque não havia uma repartição tão ruim das terras – como foi em todo o Brasil, praticamente - ou mesmo porque a população que vinha para cá possuía objetivos menos diversos como assim foi o restante da nação. Isso é um grande debate e não creio que tenha texto o suficiente pra me alongar. rs

Mas, nessa viagem, acabei dando um pulinho no Rio Grande do Sul para conhecer as famosas terras gaúchas. Válido lembrar que o termo gaúcho não serve para qualquer cidadão que more na região Sul, mas sim para aqueles que moram no Rio Grande do Sul. A origem do nome é múltipla, segundo alguns pesquisadores. Podem vir da mestiçagem entre imigrantes e índias locais, bem como àqueles que saqueavam as estâncias de grandes proprietários. 

O fato é que eu fui numa semana muito importante para eles, pois no dia 20 de Setembro, sempre acontece a Semana Farroupilha, onde eles lembram com certo saudosismo da denominada Revolução Farroupilha, que aconteceu de 20 de setembro de 1835 até 28 de fevereiro de 1845- dez anos de lutas para a emancipação do Rio Grande do Sul em restante do Brasil. Um breve resumo do que aconteceu... Os estancieiros, proprietários de grandes terras na região, começam a protestar contra os altos impostos cobrados pelo império sem maior retorno desses impostos para a população e a elite local. Ainda, eram incentivados pelas ideias da revolução francesa, assim as ideias liberais ganhavam força. Assim, um exército chamado de farroupilha – dotado de pessoas com ideias liberais – ganha a cidade de Porto Alegre através de disputas com o Império, promovendo a criação da República Sul-Riograndense.

No entanto, disputas na região duram cerca de 10 anos, entre diversas conquistas e perdas territoriais: fossem estas do Império ou fossem estas da República Sul-riograndense. Em 1845, o Império retoma estas terras, mas fornece maior liberdade administrativa e política para essa população, atualmente denominada gaúcha. E, a partir daí, um sentimento de destaque da cultura deste estado e das ideias da população gaúcha ganha destaque na região. 

Assim, toda semana do dia 20 de setembro, é realizada a tal Semana Farroupilha, aonde há um culto á tradição gaúcha e uma memória aos exércitos da população gaúcha, que lutavam em prol dos seguintes dizeres: Liberdade, Igualdade e Humanidade”. Tendo em vista que por algum tempo não houve uma comemoração à esses valores, desde 1947 um grupo de estudantes provocou uma festividade dentro de seu próprio colégio, através de roupas tradicionais, comidas tradicionais e valorização da cultura do povo gaúcho (resultado entre a miscigenação de nacionalidades ibéricas com indígenas brasileiros). Assim, é criado o famoso CTG – ou Centro de Tradições Gaúchas, que estão espalhados por todas as regiões do Brasil!

Nestas festas, costumam acontecer os churrascos organizados pelos próprios organizadores da festa (Já ouviu falar no “churrasco gaúcho”?), com direito a danças gaúchas, histórias do folclore gaúcho contadas para os filhos de gaúchos e não-gaúchos que visitam a semana Farroupilha, acontece o desfile a cavalos que são montados por pessoas vestidas de soldados da época e ainda acontece a encenação de personagens marcantes na Revolução Farroupilha, como Giuseppe Garibaldi e Bento Gonçalves.

Se gostam de frio, de culturas diferentes e uma culinária bem marcante - culinária esta que dá origem ao chimarrão e ao arroz carreteiro - serão muito bem-vindos ao Rio Grande do Sul. Agora vou aproveitar o pouco de chimarrão que ganhei na Semana Farroupilha. Aquele abraço!

Nando

Sempre fui um viajante. Se não viajo com os pés, viajo com minha imaginação, desbravando os lugares mais distantes e inóspitos que eu possa ir. Lá em casa, meus pais sempre trabalharam muito para me dar um bom padrão de vida. Apesar de ter estudado em boas escolas e sempre ter tirado boas notas, me sentia culpado por eles estarem sempre preocupados com o dinheiro e muitas vezes deixava de me divertir por causa disso. Aos meus 18 anos de idade, meus pais se separaram. Essa experiência me impactou muito, pelo fato de eu ser filho único, acabei vendo minha família desmoronar. Então a partir daí, passei a viajar mais ainda. Agora aos 20 anos, eu viajo o mundo e levo uma vida totalmente diferente da qual eu tinha com os meus pais. Busco aprender de forma prática e significativa, diferente das escolas por onde estudei, não me apegando a bens materiais e sempre viajando leve.