Acidentes por falhas

Certo dia, estava viajando de carro com minha família e passamos por um trecho da rodovia que era em serra, com subidas e descidas em curvas. Teve um momento em que reparei em duas placas: uma indicava “longo trecho em declive”, antes de começarmos a parte de descida, e a outra alertava “verifique os freios”. Depois de reparar nessa segunda placa, pensei que deveria ser um pouco tarde para verificar os freios, não é mesmo? Perguntei ao meu pai se ele já havia tido algum acidente devido a falhas assim, no carro. Ele respondeu que “jamais”. Perguntei a minha mãe e ela disse que pensava ser mais comum acidentes que envolvessem falhas humanas. De fato, quase todos os acidentes que presenciamos tinham envolvido a imperícia, quando, por exemplo, o motorista é pouco habilidoso em situações extremas (a famosa “barbeiragem”), ou a imprudência, quando o motorista age de maneira arriscada deliberadamente.

É claro que essa suposição de que a maior parte dos acidentes envolviam falhas humanas não me satisfez. Fui procurar saber se era isso mesmo e confirmei. Realmente, no Brasil, 90% dos acidentes de trânsito são causados pelas pessoas, pelos condutores. Por problemas nas vias, como buracos, são 6% e somente 4% dos acidentes acontecem devido a problemas mecânicos no automóvel.

Realmente, basta uma volta de carro para que possamos perceber que a estatística está corretíssima. Velocidade acima da permitida, avanço de sinal, desrespeito a faixa de pedestres ou faixas exclusivas... São vários exemplos da baixa conscientização coletiva que envolve o (des)respeito às regras de trânsito nas cidades brasileiras. Será que os condutores brasileiros são mal formados? Bem, o processo de formação de condutores é um dos mais exigentes, demorados e caros da América. Nos EUA, o processo todo pode ser feito em um dia. Na Argentina, só são 5 horas de aulas teóricas. As aulas práticas para o exame prático são opcionais. No Brasil, temos 45 horas de aulas teóricas, 25 horas de aulas práticas, simulador... E ainda assim os problemas persistem.

Como diminuir esse número? É difícil porque dependerá de uma das mais trabalhosas tarefas de qualquer sociedade individualizada como a brasileira: introduzir a noção de coletividade. As campanhas já existem há algum tempo e tem adotado estratégias cada vez mais chocantes e instigantes como forma de chamar a real atenção dos condutores. Além disso, o Estado busca formas de coibir atividades imprudentes que comprometam a segurança do trânsito, além de constituírem infrações do código de trânsito brasileiro, como as câmeras fiscalizadoras de velocidade, fiscalizações contra motoristas alcoolizados, por exemplo.

As falhas mecânicas costumam ser logo resolvidas, já que quase ninguém quer andar com o carro cheio de falhas. As deficiências das vias podem demorar mais, uma vez que a ação corretiva do Estado ou da empresa que administra a via podem demorar. Mas, de longe, a mais difícil de reverter é a falha humana. Se essa responde por 90% dos acidentes de trânsito, podemos apostar que ainda será um número que se manterá infelizmente elevado. Até breve! Bjokas!

 

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Maximiliana “Maxi” Esploro

Sempre adorei entender o porquê das coisas, especialmente quando se tratava de uma realidade social. Por que existem países mais pobres do que outros? Por que as pessoas preferem viver em cidades do que no campo? Por que é tão importante o crescimento do PIB? São perguntas que eu fiz quando tinha 12 anos e esse comportamento só foi se intensificando com o tempo. Costumo passar 8 horas por dia pesquisando dados na internet, para compreender melhor o mundo. Gosto de fazer pesquisas off-line também. Promovo questionários na vizinhança, e até no meu núcleo familiar, para gerar informações e conhecimento com elas. Curso Economia e pretendo utilizar esses conhecimentos para criar uma nova “sabedoria”, que utilize os milhões de dados disponíveis ou captados para melhorar a compreensão e as tomadas de decisão, e, assim, melhorar a qualidade de vida das pessoas. Chamo isso de Estatística e Conhecimento. Vou aproveitar esse espaço aqui, no Galera Cult, para compartilhar várias descobertas que fiz nas minhas pesquisas.