Desmatamento
Você vive em um ambiente urbano? Provavelmente sim. Como posso supor isso? Através do índice brasileiro de urbanização acima dos 80%, o que significa dizer que 85%, taxa atual, da população brasileira vive em cidades. A estatística sempre pode ser uma maneira de “adivinhar” diversas coisas com um baixo grau de erros. Bem, mas eu fiz esse questionamento para perguntar o quanto você se preocupa com o desmatamento no Brasil. Imagino que muito, não é mesmo?
Apesar de haver na população e em instituições um elevado grau de preocupação com o avanço e permanência do desmatamento em todas as regiões brasileiras, a população urbana, muitas vezes, tem pouca percepção real do tamanho dessa perda natural. O desmatamento, na verdade, é um processo que se inicia com a degradação ambiental. As condições naturais do meio ambiente podem ficar tão desgastadas que a vegetação não se mantém capaz de permanecer no local. Todas as paisagens climatobotânicas brasileiras sofreram e ainda sofrem com o desmatamento. Contudo, é na Amazônia onde o problema é mais preocupante e recebe maior atenção no Brasil e no mundo. Vale lembrar que o Brasil foi responsável por 51% do desmatamento global da última década e isso contribuiu com 55% das emissões brasileiras de gases do efeito estufa nos últimos anos.
Graças às tecnologias de satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o Brasil possui um programa de monitoramento contínuo do desmatamento amazônico em um sistema chamado Programa de Cálculo do Desflorestamento da Amazônia (PRODES). Os dados gerados a partir do PRODES são considerados oficiais e confirmados pelo Ministério do Meio Ambiente. Por diversas vezes, o jornalismo divulga dados de outros institutos de pesquisa privados que possuem outros métodos e metodologias de análise e, apesar da geração de dados concretos, não são considerados oficiais.
Os dados - do Deter, Sistema de Detecção do Desmatamento na Amazônia Legal em Tempo Real do Inpe – mostram que o mês de janeiro de 2015, em especial, apresentou alertas de desmatamento e degradação florestal em uma área de 129,36 km², um número que sozinho é quase igual à soma dos dados dos meses de janeiro dos últimos cinco anos: 147,64 km².
Diversos fatores ainda ameaçam a floresta. A exploração ilegal de madeira segue fora de controle, o avanço de atividades agropecuárias sob a floresta continua, e a bancada ruralista - que é representada por deputados que são representantes de latifundiários ou são pessoas interessadas em diminuir a área de vegetação natural para aumentar a de cultivo -, no Congresso, está mais numerosa do que nunca, ameaçando minar instrumentos efetivos de combate ao desmatamento como as Unidades de Conservação e Terras Indígenas. Esses dois últimos representam conquistas pela manutenção da floresta e dos povos que possuem identificação e dependência da mesma para sobrevivência e permanência. Essa é uma luta que precisa da preocupação de todos, vivendo em cidades ou não, para pressionar os políticos, conscientizar a população e mudar hábitos que sejam incentivadores desse descontrole sobre os recursos naturais do país. Antes que seja tarde demais...