“Que país é esse?”

O Brasil é um país formado pela contribuição de muitos imigrantes ao longo de nossa história. Isso eu sempre ouvi e estudei. Além das diversas nacionalidades européias, tivemos a chegada de diversas etnias diferentes oriundas do continente africano. Algo que ouvi pouquíssimas vezes. Já reparou como sempre se referem de maneira generalizada aos “negros” que chegaram contra a própria vontade através do movimento imigratório? O mesmo não acontece quando nos referimos aos descendentes de europeus. Quanto mais estudo e pesquiso, mais descubro o quanto ainda vivemos essa triste herança do período escravagista. Reparem só em alguns números que achei, gente. Eles sempre nos ajudam a observar melhor a questão. 

Como sempre, alguns dados antigos são difíceis de serem alcançados. Ainda mais se nos referirmos à escravidão, quando não eram considerados como imigrantes. Achei um estudo da universidade americana de Yale que afirma que cerca de 20% dos escravos que saíam da África não chegavam até o destino. Muito mais que números, podemos imaginar as condições que lhes foram impostas na travessia. Muita dor e sofrimento fizeram o lucro de comerciantes e toda uma sociedade em formação, e o Brasil é o país que mais recebeu escravos africanos no mundo. 

A bela história que envolve a assinatura da lei Áurea pela princesa Isabel também sempre ouvi e estudei. A quase nenhuma política de inserção e correção das injustiças com essa população, o que escutei pouquíssimas vezes. Além de uma miscigenação muitas vezes forçada e incentivada por setores da sociedade como forma de “embranquecer” a população, os afrodescendentes enfrentaram toda a dificuldade possível que possa existir para sair da sua condição de subalternidade. O próprio conjunto de crimes que caracterizam o racismo somente foi como definido assim no ano de 1989. A dívida histórica do Brasil com essa população só acumulou e aumentou ao longo dos anos. 

Há vários números que mostram como há relação causal entre a negligência histórica e a realidade atual. São mais de 100 milhões de pessoas que se consideram negras ou pardas para o IBGE, mais de 50% do total brasileiro. Como nem tudo é perfeito, mesmo na estatística, possivelmente esse número é muito maior. Como o IBGE parte da autodeclaração e há uma situação social em que muitos negros ou pardos preferem se declararem como brancos, esse número pode ser alterado. Quanto à consciência da valorização da própria cor aumenta, mais esse número tende a aumentar também. 

Olhem só esses números do Censo de 2010 do IBGE:

Entre 15 e 24 anos, há muito menos negros que brancos nas universidades brasileiras. Isso porque houve uma sensível melhora a partir de política afirmativa das cotas raciais no acesso às universidades públicas. Essa diferença na educação resulta em outras diferenças posteriores, como por exemplo: a população negra ainda representa 63% dos pobres no país e 69% dos indigentes. São 62% dos presidiários e, como prova de que a justiça é desigual, são minoria nas chamadas penas alternativas e maioria em penas em prisão, sendo 42% e 58% respectivamente. São, ainda, 67% dos assassinados no país.  

O Brasil ainda é um país de racismos e preconceitos. Além de todos os dados que mostrei a vocês, temos vários exemplos do dia a dia, como a representação dos negros na televisão. Observando isso tudo somado ao que já tinha estudado, chego à conclusão que há muito a ser corrigido ainda. Não podemos tratar com igualdade um sistema que é desigual. Tampouco deveríamos brincar ou fazer piadas que ajudem a manter essa situação da maneira que está. Conhecer o problema é o primeiro passo para solucionarmos. Espero que tenham tirado proveito desse nosso papo sério e importante. Até a próxima!

Maximiliana “Maxi” Esploro

Sempre adorei entender o porquê das coisas, especialmente quando se tratava de uma realidade social. Por que existem países mais pobres do que outros? Por que as pessoas preferem viver em cidades do que no campo? Por que é tão importante o crescimento do PIB? São perguntas que eu fiz quando tinha 12 anos e esse comportamento só foi se intensificando com o tempo. Costumo passar 8 horas por dia pesquisando dados na internet, para compreender melhor o mundo. Gosto de fazer pesquisas off-line também. Promovo questionários na vizinhança, e até no meu núcleo familiar, para gerar informações e conhecimento com elas. Curso Economia e pretendo utilizar esses conhecimentos para criar uma nova “sabedoria”, que utilize os milhões de dados disponíveis ou captados para melhorar a compreensão e as tomadas de decisão, e, assim, melhorar a qualidade de vida das pessoas. Chamo isso de Estatística e Conhecimento. Vou aproveitar esse espaço aqui, no Galera Cult, para compartilhar várias descobertas que fiz nas minhas pesquisas.