Ética vem do berço?
Estava assistindo a um programa policial na TV há algum tempo atrás. Era um daqueles programas que valorizam a violência para atrair audiência do público que gosta de ver o circo pegar fogo. Ok. É verdade, eu também estava assistindo. Tenho vergonha de dizer isso, mas estava cansado e zapeando a TV, quando me deparei com uma matéria que chamou a minha atenção. Então, parei para acompanhá-la.
A matéria tinha um foco “educacional” meio batido. Abordava a violência juvenil, em alta devido o debate nacional sobre a redução da maioridade penal, e questionava sobre a influência dos pais na formação dos filhos. Lembrei de uma conversa que tive com o Fred uma vez, quando perguntei exatamente isso:
- Fred, os pais têm influência na formação dos jovens ou não?
Ele respondeu como sempre:
- Por que você pergunta?
- Ué... Curiosidade.
- O que você acha?
- Acho que sim.
- Por quê?
- Porque os pais são uma referência para nós. Muitas vezes, eles são chatos e parecem estar em outro planeta, mas não deixam de nos influenciar.
- Concordo com você. Há pesquisas que dizem que os “coleguinhas” tem uma influência maior nas nossas vidas que os pais. Por isso, é preciso tem muito cuidado com as “companhias”.
- Meus pais perturbam com isso. Querem sempre conhecer meus amigos.
- Exato. Está vendo a influência aí. Que jovem tem mais chance de pegar uma “estrada errada”? Aquele que o pai não liga ou o outro que o pai “enche o saco” e quer conhecer os amigos?
- O primeiro, né.
- As influências dos pais não terminam no comportamento. Nos hábitos de estudo também têm alto impacto. Há pesquisas que relacionam o desempenho acadêmico dos jovens com a quantidade de livros em casa e hábito de leitura dos pais. Sem falar na diferença cultural entre países. Na Coréia do Sul, por exemplo, é comum pais acompanharem diariamente o estudo dos filhos, a ponto de ficar na janela da escola incentivando. Onde as notas dos alunos são melhores? Lá ou aqui, onde não temos essa cultura de acompanhar o estudo dos filhos com tanto rigor?
- Não precisa nem responder...
- Tudo no meio influencia. E quanto maior é a importância da pessoa, maior é a sua relevância e o resultado de sua ação.
Pensei um tempo e disparei:
- Fico feliz de ter pais presentes e que me cobram... mas podiam ser um pouco menos chatos... rsrsrsr
- Se não fossem chatos, não seriam pais...