As pessoas não têm a mesma chance?

Senhoras, senhores!
Tudo bem?

Mais uma vez estou aqui. Eu, Fernando Pena – Nando para os íntimos – contando dos meus causos e viagens ao redor do mundo. A maior parte delas é uma maravilha, mas têm outras que, embora sejam proveitosas, também mostram para mim coisas nem sempre tão belas e lindas de se ver, como é o caso do México e os Estados Unidos.

Quando tinha uns 18 anos, fui viajar para San Diego, na Califórnia. Alguns parentes meus moram lá e queria conhecer a costa oeste dos Estados Unidos, famosa por suas praias e o estilo de vida. Assim, combinei com o meu tio para que fôssemos dar uma volta, assim que eu chegasse, para conhecer San Diego e todo o seu entorno.

Íamos conversando e batendo um papo, até perceber que havia um grande muro ao redor da parte sul da cidade. Curioso, perguntei ao meu tio o que significava aquilo. Segundo ele, os Estados Unidos levantaram um muro, com arames farpados em cima e todo gradeado, ao redor da sua fronteira com o México. Ele me explicou que isso tem a ver com a emigração de mexicanos para os Estados Unidos, já que muitos mexicanos tentam entrar ilegalmente para o país americano. 

Fiquei pensando o quanto essa relação entre México e Estados Unidos é complicada. Tijuana, cidade mexicana que faz fronteira com San Diego, é uma das cidades mais violentas de todo o México. Por outro lado, temos San Diego, uma das cidades mais prósperas e com melhor IDH de toda a costa oeste dos Estados Unidos. Assim, muita gente procura sair desesperadamente de Tijuana para tentar uma vida melhor e com mais trabalho, em San Diego. 

Claro que há quem consiga fazer essa travessia sem maiores problemas: aqueles que moram em uma cidade, mas trabalham em outra, conseguem realizar uma travessia com apresentação de documentos. Mas quem não consegue, precisa se dispor a passar por diferentes processos: pagar por coiotes (pessoas que ajudam imigrantes a fazer a travessia ilegalmente), nadar pelo Oceano Pacífico até atingir o outro lado ou se aventurar a ir escondido nos trens que fazem a ligação entre os dois países. 

Falando em trens, entra aí outra parte da jogada: o comércio entre México e Estados Unidos é forte e isento de impostos. Tal fato se deve a criação de um bloco chamado de NAFTA, que significa North American Free Trade Agreement, ou Acordo Norte Americano de Livre Comércio que engloba Canadá, Estados Unidos e México. Então, muitas pessoas entram nos trens, já que estes têm ligação direta entre um país e outro.  E aí entra uma grande questão: o comércio é livre entre os dois países, mas as pessoas não têm a mesma chance? 

De qualquer forma, pessoas morrem todos os anos – e são várias! – em virtude de uma política de fronteiras entre os dois países. Mas, além da própria defesa da fronteira norte-americana em relação ao México, a pergunta que eu me fiz é: de que maneira o México pode ser melhorado a ponto de não mais haver migrantes em massa para os Estados Unidos?

Parece que a explicação é longa e não cabe nesse texto. Mas, sem dúvidas, coibir a imigração entre países que tem uma relação social tão próxima não parece ser a melhor solução. Passar por cima da dependência mexicana em relação à economia norte-americana; melhorar a distribuição de renda no México; investir em alternativas de qualificação e empreendedorismo para a população mexicana... As soluções passam por vários quesitos, mas são importantes para frear esse problema.

Espero que essa discussão fique na cabeça de vocês, assim como ficou na minha.

Forte abraço e até breve!

Nando

Sempre fui um viajante. Se não viajo com os pés, viajo com minha imaginação, desbravando os lugares mais distantes e inóspitos que eu possa ir. Lá em casa, meus pais sempre trabalharam muito para me dar um bom padrão de vida. Apesar de ter estudado em boas escolas e sempre ter tirado boas notas, me sentia culpado por eles estarem sempre preocupados com o dinheiro e muitas vezes deixava de me divertir por causa disso. Aos meus 18 anos de idade, meus pais se separaram. Essa experiência me impactou muito, pelo fato de eu ser filho único, acabei vendo minha família desmoronar. Então a partir daí, passei a viajar mais ainda. Agora aos 20 anos, eu viajo o mundo e levo uma vida totalmente diferente da qual eu tinha com os meus pais. Busco aprender de forma prática e significativa, diferente das escolas por onde estudei, não me apegando a bens materiais e sempre viajando leve.