Ostras: mais que pérolas
Olá Galera Cult! Você sabia que o personagem dos desenhos animados “Lula Molusco” não é uma lula? Uau... É isso mesmo, ele é um polvo! Embora a lula e o polvo façam parte do grupo dos cefalópodes, eles possuem algumas diferenças. Bom, esse é um dos aspectos do estudo, saber corretamente das coisas ao nosso redor.
Um outro invertebrado do filo dos moluscos são as ostras, um bivalve (são animais que possuem duas conchas), que é muito conhecido por produzir as pérolas. Mas você sabia que a pérola é o resultado de um mecanismo de defesa da ostra? Pois é, quando uma partícula estranha passa entre as conchas da ostra e chega as partes moles (que é a própria ostra) do animal, fica retida. Em seguida, o animal produz uma camada de carbonato de cálcio e uma proteína (conchiolina), formando a madrepérola (ou nácar), para isolar essa partícula estranha (grão de areia ou parasitas, por exemplo).
Portanto, as pérolas são raras, não aparecem com frequência dentro das ostras. Ao associar a beleza e a raridade das pérolas, elas acabam por serem utilizadas para a confecção de joias. Além de seu uso como um acessório de beleza, as ostras também são apreciadas como fonte de alimentos. Já ouviu falar do sambaqui?
O sambaqui é um amontoado de conchas de moluscos que eram utilizados como fonte de alimentos dos povos antigos. Alguns sambaquis têm mais de 5.000 anos de idade. Após o consumo dos moluscos suas conchas eram depositadas em local específico junto a outros materiais utilizados a época. Por isso, os sambaquis devem ser preservados e estudados como uma fonte de registro de nossos antepassados, um sitio arqueológico.
Bom, como você pode perceber o uso de ostras como alimento é bem antigo. Atualmente, uma forma de explorar os recursos marinhos e provocar menor impacto ambiental é a maricultura, que nada mais é do que o cultivo de espécies marinhas (também pode ser dulcícolas) de interesse econômico. Nesse caso, as ostras são cultivadas – seja para a alimentação ou para a produção de pérolas – em fazendas ou parques marinhos. Desta forma, ao invés de retirar diretamente do mar as ostras – o que acaba por desequilibrar o ambiente – os maricultores plantam e cultivam as ostras em espaços reservados.
No Brasil, as espécies de ostras nativas mais usadas em sistemas de cultivo são Crassostrea rhizophorae (ostra do mangue) e Crassostrea brasiliana (ostra-de-fundo). A C. brasiliana ocorre no infralitoral e é considerada de grande porte, podendo atingir até 200 mm de comprimento, enquanto C. rhizophorae chega a 120 mm de comprimento. As ostras destinadas para uso como alimento levam cerca de 18 a 24 meses para ficarem prontas. Já as ostras que são implantadas com partículas para a produção de pérolas demoram mais, podem levar entre 4 a 5 anos para ficarem prontas.
Por exemplo, em Arraial do Cabo no Rio de Janeiro, a maricultura é desenvolvida pela a Associação da Reserva Extrativista Marinha de Arraial do Cabo (AREMAC), pela Associação de Pescadores de Arraial do Cabo (APAC) e a Associação dos Coletores e Criadores de Mariscos de Arraial do Cabo (ACRIMAC), formadas por pescadores e suas famílias. Esta atividade é uma reconhecida fonte de trabalho e renda, associada indiretamente ao turismo. Isso se deve aos turistas serem um dos públicos consumidores de mexilhões, ostras e vieiras, aumentando a demanda por esses produtos no verão, quando também aumenta o fluxo turístico (fonte: http://www.arraialdocabo-rj.com.br/site/fabiomaricultura/localizacao.html ).
No Brasil, o estado de Santa Catarina é o segundo maior produtor de moluscos bivalves (possuem duas conchas) da América Latina. No ano de 2008, a produção total de moluscos (mexilhões, ostras e vieiras) foi de 13.107,92 toneladas, apresentando o aumento de 29,33% em relação ao período anterior. O volume obtido gerou uma movimentação financeira bruta em torno de R$ 29.709.300,00 para o estado. Estima-se a existência de 767 maricultores em Santa Catarina, representados por 20 associações municipais, 01 estadual, 01 cooperativa e 02 federações, que se encontram distribuídos em 12 municípios, na região do litoral entre Palhoça e São Francisco do Sul, envolvendo direta e indiretamente 8.000 pessoas desde a produção, colheita, beneficiamento e comercialização (fonte: http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ideias/Como-montar-um-neg%C3%B3cio-para-cria%C3%A7%C3%A3o-de-ostras#naveCapituloTopo ).
Mas essa atividade deve estar bem organizada pois ao invés de diminuir o impacto ela pode aumentá-lo, como por exemplo: o uso de espécies exóticas (não nativas do Brasil) e o descarte dos resíduos da atividade (conchas e matéria orgânica) podem alterar o equilíbrio ecológico do ambiente. Por isso, é importante o acompanhamento da maricultura pelos os órgãos de controle ambiental. Até a próxima!